terça-feira, 31 de maio de 2011

em especial para crianças e jovens da fontinha


Amanhã, 4ª feira, 1 de Junho: festa no Largo da Fontinha, das 16h30 às 20h00

Vamos ter lanche (traz um contributo), histórias, dramatizações, pinturas faciais, jogos tradicionais, palhaços, actividades radicais, malabares, grafittis, círculo de fogo e tudo o mais que trouxeres.


segunda-feira, 30 de maio de 2011

arte na rua


Fotos de trabalhos realizados no Atelier de Desenho e Pintura, na passada 4ª feira, 25 de Maio, no Largo da Fontinha. Arte na rua, sobre cartão de caixotes recuperados do lixo.






















As fotos foram enviadas por Marita Lumi, via email, em Inglês, em que elogia o "trabalho fantástico das crianças" que apareceram. "Divertiram-se e fizeram todos rir com a sua grasyness e energia". Uma das meninas pintou as mãos como se fossem luvas e assim que lhas limparam correu novamente para as tintas e recolorou as mãos, tipo "non stop". Estavam também os pintores Paolo e Bernard, da Casa Amarela, conta Marita, mas, "infelizmente, nem eles nem as crianças aparecem nas fotos", diz. Garante que "foi muito divertido".

sábado, 28 de maio de 2011

as crianças também têm opinião


O Atelier de Leitura iniciou na Es.Col.A no dia 9 de Maio, único dia em que teve oportunidade de usar as instalações da antiga escola primária do Alto da Fontinha. Na manhã seguinte, o edifício foi emparedado e assim se mantém. Mas a Quica não desistiu e continua o seu projecto no Largo da Fontinha, segundas-feiras à tarde.

Mais info: atelier-de-leitura

quinta-feira, 26 de maio de 2011

carta aberta


Es.Col.A do Alto da Fontinha

CARTA ABERTA


Exmo. Senhor Presidente da Câmara Municipal do Porto
Exma. Senhora Vereadora do Conhecimento e Coesão Social
Exmo. Senhor Presidente da Junta de Freguesia de Santo Ildefonso

Portuenses e demais população

A Es.Col.A do Alto da Fontinha, Espaço Colectivo Autogestionado, constitui-se por um grupo informal de cidadãos que tem por objectivo devolver à comunidade o espaço da antiga Escola Primária do Alto da Fontinha, no Porto, se não como escola, como espaço de oficinas, leitura, convívio e lazer.

A Es.Col.A pretende ser um espaço autónomo, livre e não comercial, aberto a diferentes iniciativas, não discriminatórias. É um espaço livre de hierarquias, onde as decisões são tomadas através do consenso em assembleias regulares abertas a todos (tanto moradores do bairro como representantes institucionais) e cujas actividades não dependem de subsídios financeiros.

A ocupação levada a cabo no passado dia 10 de Abril não pretendeu de forma alguma usurpar o imóvel, nem tão pouco vandalizá-lo. Pretende, sim, restituir-lhe funcionalidade e inverter o processo de destruição de que vem sendo alvo, sendo prova disso mesmo a limpeza e recuperação do espaço levadas a cabo desde o primeiro momento.

Em paralelo com intervenções de requalificação do imóvel (obras de restauro, pintura, limpeza do mato), as dinâmicas criadas desde o início com a comunidade circundante e os diversos apoiantes do projecto resultaram num horário de actividades que preenche todos os dias da semana. A Es.Col.A oferece apoio escolar, cinema, teatro, leitura, jantares populares, actividades seniores e oficinas de bicicletas e informática. Continuam a surgir novas actividades e voluntários.

Em poucas semanas, tornou-se evidente a mobilização de moradores, intervenientes e simpatizantes deste renascer do Alto da Fontinha, gerando a solidariedade suficiente para que, de um espaço degradado, surja um local partilhado, onde se privilegia o convívio e a participação cívica de toda a comunidade, se contraria a desertificação, se promove a inclusão social, o diálogo intergeracional – onde, a cada momento, se cria um espaço vivo e feliz.

Da Es.Col.A não partem pedidos de financiamento. Na Es.Col.A não existem desejos economicistas. O projecto assume-se verdadeiramente auto-sustentável, demonstrando que a cultura, a educação e o convívio são o motor poderoso para a concretização do mais ambicioso dos objectivos.

Parcas doações de material, espírito inventivo e braços dispostos a trabalhar ultrapassam, assim, as necessidades materiais e unem esta grande família. No espaço de um mês, o grupo de pessoas envolvidas directamente no projecto alargou-se até próximo da meia centena, incluindo moradores e simpatizantes.

Foi então com incredulidade que, no dia 10 de Maio, fomos despejados das instalações, através de uma intervenção policial agressiva. De registar que as forças policiais não se identificaram devidamente, não apresentaram qualquer mandado de despejo, não se mostraram abertas ao diálogo e detiveram oito dos presentes no espaço. No entanto, a Constituição da República Portuguesa consagra, no artigo 52º, a legitimidade das acções populares para assegurar a defesa dos bens do Estado. Não nos podemos conformar com esta acção e muito menos com o subsequente emparedamento da Es.Col.A.

De momento, as actividades antes albergadas pelo espaço da antiga Escola Primária do Alto da Fontinha decorrem na via pública. Mesmo sem instalações, a Es.Col.A não tem defraudado as expectativas de vizinhos e demais beneficiados, continuando a assegurar as diversas oficinas e actividades. Continua vivo e de boa saúde o espírito de entreajuda e partilha de conhecimento conquistado.

O princípio da auto-gestão, consagrado no artigo 85º da Constituição da República Portuguesa, guiou desde o início o processo de criação desta realidade. Mantendo este princípio, o projecto da Es.Col.A continuará a ser construído, pensado e executado de acordo com as possibilidades dos voluntários, procurando ir ao encontro das necessidades da comunidade.

Uma delegação da Es.Col.A do Alto da Fontinha participou na reunião da Assembleia Municipal do Porto do passado dia 16 de Maio. À porta, centenas de pessoas apoiaram a iniciativa. Quando interpelado por deputados da oposição, o presidente da autarquia mostrou-se disponível para aceitar um projecto para o espaço. Todavia, retirou-se sem ouvir a nossa intervenção.

Tendo em conta que a Câmara Municipal do Porto disse estar disposta a analisar o projecto; que a Es.Col.A já provou, pela prática, ter capacidade para realizar actividades e envolver a população; que as actividades continuam, ainda que em condições absolutamente precárias; que a população da Fontinha apoia a Es.Col.A; que este projecto responde a necessidades reais, não pode continuar sem espaço físico e que é urgente tomar decisões, solicitamos que a Câmara Municipal do Porto proceda ao desemparedando do edifício e conceda à Es.Col.A uma autorização de utilização precária do espaço da antiga Escola Primária do Alto da Fontinha, nos moldes acima descritos, até que um contrato de comodato seja redigido e aceite pelas partes.

Serve igualmente esta carta aberta para convidar a vereadora responsável pelo Pelouro do Conhecimento e Coesão Social, Doutora Guilhermina Rego, para participar na nossa próxima assembleia, a realizar a 13 de Junho, pelas 18h30, no Largo da Fontinha, onde se poderá discutir pormenores e clarificar dúvidas. Este convite é extensível a todos os autarcas da Câmara Municipal do Porto, da Assembleia Municipal, e da Junta de Freguesia de Santo Ildefonso.

Ficaremos à espera da comparência da Sr.ª Vereadora ou, na impossibilidade da sua presença, de uma comunicação da autarquia, em tempo útil, para a partir daí podermos definir prazos e atitudes a tomar, tendo em conta os objectivos do Projecto Es.Col.A.

No endereço de internet escoladafontinha.blogspot.com encontra-se disponível o horário das actividades a decorrer na Es.Col.A e outras informações sobre este projecto.

Em virtude de estarmos desalojados, agradecemos que nos respondam para o endereço de correio electrónico es.col.a.da.fontinha@gmail.com.

Largo do Fontinha, Porto, 25 de Maio de 2011

Esta carta aberta foi aprovada na assembleia da Es.Col.A do Alto da Fontinha, Espaço Colectivo Autogestionado no dia 25 de Maio de 2011.

a Es.Col.A em BD #3


























Por José Smith Vargas, publicado aqui.

merenda autogestionada da fontinha


Sexta-feira, 27 de Maio

A partir das 18h30, vamos ter musiquinha e mesas no Largo da Fontinha. Lá mais para a noite, teremos projector e, tudo o indica, umas filmagens de há 15 anos, com os que eram, então, os putos do Bairro do Leal.

Tudo o resto terá que ser trazido por ti, tipo filmagens e fotos (em formato digital) da manifestação em frente à câmara do Porto, no dia 16, e/ou das actividades que têm decorrido no Largo da Fontinha, comida (lembra-te que há vegetarianos), bebida, violas, concertinas, vontade de cantar, comer, jogos...

Não há limite de idades, nem para baixo nem para cima. Se tiveres problemas em sentar-te no chão, traz caderinha.

carta aberta aprovada, assembleia de 1 de junho adiada


A próxima assembleia da EsColA não será a 1 e sim a 13 de Junho. E será para essa segunda-feira que os gestores da autarquia do Porto serão convidados, através de carta aberta, a participar numa assembleia da EsColA. Foi por causa da anunciada carta aberta que ontem, 25 de Maio, a assembleia da EsColA reuniu cerca de 50 pessoas no Largo da Fontinha. E aí se decidiu a alteração à data inicialmente apontada, de forma a que o convite possa ser apreciado na próxima reunião do executivo camarário, 7 de Junho.

A carta elaborada foi aprovada na generalidade, tendo sido feitas sugestões de reforço de duas ou três ideias. Foi lembrada a inclusão da Junta de Freguesia de Santo Ildefonso entre os destinatários. O documento está a ser ultimado e ainda hoje deverá ser enviado, por via electrónica, para o presidente da câmara do Porto, vereadora do Conhecimento e Coesão Social, restante executivo, deputados municipais e executivo da Junta de Freguesia de Santo Ildefonso. Será publicada neste blogue e enviada para a comunicação social.

Apesar de a apreciação da carta aberta ser ponto único da 8ª assembleia da EsColA, falou-se também do Atelier de Leitura da última 2ª feira, em que as crianças da Fontinha desenharam e escreveram sobre as suas impressões do despejo do passado dia 10 (o que será em breve publicado no blogue); do Hacklaviva, que apresenta esta 5ª feira um espectáculo inovador (já anunciado no blogue), e da merenda autogestionada desta 6ª feira, que incluirá projecção de imagens de uma Fontinha de outros tempos (mais info ainda hoje, mas reservem já o fim de tarde/noite).

Para dia 1 de Junho, dia mundial da criança, foi apalavrada a preparação de uma festa no Largo da Fontinha.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

hacklaviva estreia escrita de luzes


Esta 5ª feira, 26 de Maio, 19h00
Maio brinda-nos com sol, por isso larga o computador e aparece no Largo da Fontinha
Ao ar livre e aproveitando os dias bonitos de Primavera, o Hacklaviva planeou uma actividade especial: a apresentação do Lightwriter, uma instalação artística interactiva da autoria de Ricardo Lafuente. A peça é apresentada pela primeira vez no Porto.

Para ler mais sobre o Lightwriter espreitar aqui

hacklaviva.net

novo horário


O horário da EsColA foi provisoriamente adaptado ao Largo da Fontinha.
Para ler informação, clicar nas imagens abaixo.
Horário também disponível em agendadaescola.blogspot.com (coluna da direita do blogue)




segunda-feira, 23 de maio de 2011

por causa da carta aberta


ASSEMBLEIA
4ªfeira 25 maio 18h30
no largo da fontinha

Ponto único: apreciação da Carta Aberta


A Carta Aberta era para ser enviada esta 2ª feira. Mas o grupo que a elaborou quer levá-la à assembleia, para a dar a conhecer em primeira mão ao pessoal da EsColA, corrigir o que estiver mal e saber se todos se revêem no que está escrito. Está feita. Apareçam.

domingo, 22 de maio de 2011

7ª assembleia


19 de Maio. Largo da Fontinha. Pouco depois das 19h00 demos início à 7ª assembleia da EsColA, já reunidos em círculo para nos vermos uns aos outros. Chegamos a ser oitenta.

Fez-se um resumo da vontade da assembleia anterior, em que se estreitou o caminho para duas opções: uma em que a Es.Col.A optaria por uma comunicação institucional, em que a morosidade da burocracia poderia ser um entrave; ou uma segunda hipótese, em que iríamos pela reocupação sem dar primazia ao diálogo institucional, uma vez que o projecto é feito por quem o compõe e legitima-se na sua validade e necessidade para a comunidade. Muitas foram as opiniões ouvidas acerca deste assunto e de outros deambulantes nas palavras, ora entrando ora saindo do tema central de discussão. No entretanto, e a propósito, lembrou-se, não poucas vezes, que, na anterior assembleia, a Es.Col.A se afirmara como grupo informal, sem intenções de se constituir como figura jurídica.

Assim, a assembleia questionou-se, pensou em conjunto sobre como apresentar o projecto à autarquia sem perdermos as características primordiais nem a legitimidade que todos sentimos. Foi reforçada a proposta de fazer o levantamento legal da questão da ocupação em Portugal, utilizando este nosso caso como projecto-piloto e de mudança no estatuto público de Ocupação.

O envolvimento da população foi assunto premente. A população da Fontinha está activamente no projecto? Quantas pessoas moradoras estão presentes? O que sentirão todos os outros? “Os moradores estão à nossa espera”, afirmou um deles. Então que venham as decisões.

A assembleia sentiu importante que os projectos, as actividades que dão vida à Es.Col.A não só se mantenham mas que ganhem nova força, já que a grande “e verdadeira ocupação é a ocupação mental” que as diferentes actividades da Es.Col.A podem e devem reivindicar. “Foram feitas muitas coisas que uniram as pessoas. O mais importante é continuar o que estávamos a fazer e reocuparmos o estado mental. Não podemos perder o que tínhamos.”

À medida que o tempo passava e a noite nos envolvia, ouvia-se a vontade de que o contacto com a autarquia não excluísse outras formas de acção. ”A acção da Es.Col.A é na rua” e “Não ao poder de gabinete” foram frases diversas vezes utilizadas.

Optou-se pelo diálogo com a autarquia. De que forma? Convidar a vereadora do Conhecimento e Coesão Social e o restante executivo para conhecerem o projecto e as pessoas nele envolvidas, participando numa assembleia da Es.Col.A, ou marcação de uma audiência para apresentação do projecto? Foi escolhida a primeira hipótese. E decidiu-se fazer o convite através de Carta Aberta (cuja redacção ficou a cargo de um grupo formado na ocasião), a enviar ao presidente e executivo da câmara municipal do Porto e aos membros da assembleia municipal, publicar no blogue e difundir para a comunicação social. A carta incluirá requerimento de desemparedamento do edifício da antiga escola primária da Fontinha e de licença de utilização precária do espaço, tendo em vista um contrato de comodato, ou seja, cedência das instalações. Os responsáveis autárquicos serão convidados a participarem na assembleia de 1 de Junho, 18h30, no Largo da Fontinha.

A terminar a assembleia, e por entre suspiros de alívio pela decisão tomada, foi constituído um grupo de trabalho de levantamento das necessidades/vontades da zona do Alto da Fontinha, que irá porta a porta falar com o maior número de pessoas possível e indagar as suas vontades/sonhos/aspirações para a Es.Col.A e tudo mais que surgir. Formou-se um outro grupo que vai reorganizar o horário das duas próximas semanas. As actividades continuam no Largo da Fontinha.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

venham ainda mais...


ASSEMBLEIA
19 maio 19h00
(no largo da fontinha)

Proposta de Agenda:
1 - Terminar discussão do plano de restituição da es.col.a
2 - Delinear os passos a seguir


e ontem foi assim...


Resumo da Assembleia 17 de Maio

Esta foi uma assembleia especialmente “segura”, com passagens frequentes de carros patrulha e carrinhas do corpo de intervenção. Mais para o fim, garantindo uma protecção mais eficaz, um dos carros estacionou junto ao conjunto de pessoas reunidas em assembleia e por ali ficou até irmos embora.

Eram 19h quando começámos a formar um círculo e ligámos o megafone, para todas as vozes poderem ser ouvidas pelas quase 100 pessoas que vieram ao Largo da Fontinha. Fez-se uma breve introdução ao processo de decisão por consenso. Porquê usá-lo, quais as suas vantagens e pontos fracos e como se pode manter um maior nível democrático nas assembleias. Apelou-se a novas pessoas para a tarefa de facilitação – moderar as intervenções na assembleia - do próximo encontro.

Quem esteve dentro da assembleia municipal, na segunda-feira, resumiu a discussão que lá se gerou. Três dos delegados da Es.Col.A à assembleia municipal falaram das suas impressões sobre a reunião e do que lá disseram e dois deputados falaram da defesa que fizeram do projecto. Na assembleia municipal houve uma grande atenção por parte de todos os deputados quando se introduziu este tema - silenciaram-se todas as risadas e apartes, comuns até aí. Os moradores falaram do seu ponto pessoal em relação ao projecto, e os outros dois delegados tentaram fazer uma defesa assente nas intenções do projecto, nas leis e Constituição portuguesa, no envolvimento da comunidade e no sucesso do projecto até ao despejo. Da parte da Câmara foi-nos sugerido uma reunião com a vereadora do Conhecimento e Coesão Social, tentando um compromisso entre as duas partes. E foi daí que partiu a discussão, durante cerca de 90 minutos.

Após várias pessoas exprimirem as suas opiniões e sentimentos sobre esta resposta da câmara municipal e as suas possíveis intenções, começaram a surgir propostas concretas – como podemos recuperar o espaço da escola, vazio e inutilizável, desde há cinco anos?

Surgiram duas vias opostas de acção - continuar o processo de legalização do espaço (reunião com a vereadora para apresentação do projecto e exigir a cedência precária do espaço) ou reocupar o espaço, sem esperar por esse processo que pode ser lento e desmobilizador. Queremos um protocolo entre a Es.Col.A e a autarquia, ou não? E se sim, em que moldes?

Quem defendia a primeira via argumentava com a importância de dar continuidade a um diálogo iniciado segunda-feira, quando nos apresentámos na assembleia municipal. Não podemos, no entanto, abdicar do modelo de funcionamento inicial – autogestionado e assembleário – e devemos impor um prazo curto de resposta, para o caso não se arrastar durante meses. Foi geral a não aceitação de formar uma associação formal para poder estar no espaço e de um projecto que comprometa os princípios que se foram consensoando ao longo do mês de ocupação. Pode perder-se legitimidade e credibilidade por parte da comunidade e dos apoiantes se não se passar por este processo.

Quem defendia a segunda via temia, principalmente, a lentidão do processo e que toda a burocracia implicada desmobilize as pessoas envolvidas – moradores, dinamizadores e apoiantes do projecto.

Destacou-se a importância em perceber e respeitar a opinião dos moradores.

A decisão a tomar e de como a executar no concreto ficou adiada para quinta-feira, dia 19 de Maio, às 19h, no mesmo local. Toda a gente vai divulgar ao máximo pela Fontinha, para conseguirmos ter uma opinião maior de moradores.

Saiu da assembleia uma decisão - não abdicarmos do projecto com o seu funcionamento inicial – por autogestão e formado por um grupo informal de cidadãos.

terça-feira, 17 de maio de 2011

e venham mais alguns...


e vieram mais de 300... ontem
mas hoje há assembleia (daquelas onde tod@s temos voz, e onde sempre decidimos por consenso)... é já daqui a bocado, a partir das 18h30, no Largo da Fontinha (traz um guarda chuva, caso o são pedro não ajude).

ASSEMBLEIA
hoje, 17 maio 18h30
(no largo da fontinha)

Proposta de Agenda:
1 - Partilha das experiências, concentração de ontem
2 - Discussão das possibilidades em aberto

e se a moda pega?


A Es.Col.A foi à assembleia municipal do Porto

Rui Rio não ficou para ouvir os representantes da Es.Col.A. Rui Rio, presidente da câmara municipal do Porto, não ouve o povo, não ouve os portuenses. Assim que termina a ordem de trabalhos das assembleias municipais, levanta-se e leva consigo parte do executivo. Não é novidade e na noite de 16 de Maio não foi diferente. Será desprezo?

Rui Rio não ouviu os moradores da Fontinha. Não ouviu Carlos Correia pedir "uma segunda oportunidade para os jovens” da Es.Col.A. Não ouviu José Lino dizer que a Es.Col.A trouxe felicidade à Fontinha. Não o ouviu dizer "somos como irmãos, a população está radiante”. E não ouviu a lição sobre respeito pela diferença com que terminou uma intervenção emocionante: “uns usam rastas, outros bebem coca-cola, outros sumo de pêra, eu bebo cerveja…"

Rui Rio também não ouviu os representantes da Es.Col.A, não ouviu os argumentos que orientaram a ocupação, não ouviu a determinação em desenvolverem o projecto no bairro da Fontinha, nem ouviu a disponibilidade para dialogarem com a câmara municipal.

Foi em resposta aos deputados da oposição que Rui Rio disse o que vem nos jornais: "Não conheço o projecto que lá estava dentro mas não me custa aceitá-lo se tiver boas referências”. Mas é exagero o que veio recentemente nos jornais sobre um alegado projecto da autarquia para a antiga escola primária do Alto da Fontinha: “Estivemos a pensar projectos possíveis, os jornais falaram antes do tempo”. E sobre o excesso de força policial que rodeou a acção de despejo, nem um comentário. Nem tão pouco justificou a vandalização do património recuperado por quem há um mês cuidava da escola. Só uma afirmação peremptória: “É impossível aceitar ocupação alguma! E se a moda pega?”

Se a moda pegasse, o Porto seria uma cidade diferente. Seria uma cidade mais justa, mais genuína. Com vida a alegrar o que hoje não são mais do que cemitérios imobiliários. Com casas recuperadas e centros sociais para convívio e troca de saberes. A custo zero para a autarquia.

Para conhecimento do senhor presidente da câmara do Porto e demais portuenses, aqui fica a exposição dos representantes da Es.Col.A na assembleia municipal:

Tendo em conta que a Constituição Portuguesa consagra, através do Artigo 52º., a legitimidade da acção popular para assegurar a defesa dos bens do Estado;

Tendo em conta que no seu Artigo 85º., a Constituição Portuguesa preconiza que o Estado deve apoiar as experiências autogestionárias;

Tendo em conta que o direito de acção popular, nos casos e termos previstos na lei, é conferido a todos, pessoalmente ou através de associações de defesa dos interesses em causa, e nomeadamente para assegurar a defesa dos bens do Estado;

Tendo em conta que, na letra e no espírito da lei, o Estado deve apoiar as experiências viáveis de autogestão;

Tendo em conta que, a despeito daquilo que a lei determina, a Câmara Municipal do Porto ordenou uma expulsão do colectivo envolvido num projecto autogestionário sem empreender qualquer tentativa de contacto com os protagonistas dessa iniciativa; .

Tendo em conta que a Câmara Municipal do Porto podia ter inteiro conhecimento da situação, através das actas das assembleias, dos anúncios e das fotografias do desenvolvimento de cada actividade que fomos inserindo no nosso blogue;

Tendo em conta que a intenção do nosso colectivo era, sinteticamente, restituir um bem público desaproveitado à comunidade;

Tendo em conta que o nosso projecto tem tido o apoio da comunidade onde se insere e a quem se destina:

SÓ PODEMOS CONCLUIR QUE A SUA ABRUPTA INTERRUPÇÃO RESULTA DE UM DESRESPEITO POR AQUILO QUE A CONSTITUIÇÃO ESTIPULA.

Assim sendo, e com vista à abertura de diálogo, passamos a relembrar a natureza e as intenções do nosso projecto, bem como um historial das actividades já por nós lançadas e desenvolvidas:

INTENÇÕES – devolução da escola à comunidade, defesa do património público, apoio aos jovens do bairro, acompanhamento e monitorização da situação precária dos moradores idosos do bairro.
INTERVENÇÕES – recuperação do espaço (obras de restauro, pintura, limpeza do mato), o que alterou significativamente a situação de insegurança e de insalubridade que se vivia há já 5 anos.
ACTIVIDADES – apoio escolar, revitalização da biblioteca com espaço para crianças e idosos, oficinas de informática, oficinas de artesanato, oficinas de reciclagem, cicloficina, actividades desportivas no pátio, jantares populares, cinema comunitário…

A todos aqueles que porventura consideram que o projecto de Centro de Formação, alegadamente previsto para ser implementado na Escola da Fontinha pela Câmara Municipal do Porto, poderá ser mais estruturante e valioso para um bairro abandonado do que a realidade, já posta em marcha, do nosso pólo auto-gerido de animação e difusão cultural, trabalho e formação oficinal e artística (a par de outras valências já mencionadas), queremos fazer notar que:

1- O projecto apadrinhado pela CMP apenas saltou da gaveta perante a evidência, publicamente saudada e acarinhada, da nossa acção de ocupação.

2- Nenhum pormenor quanto a prazos de execução e pormenores de natureza foi divulgado pela CMP.

3- O projecto da CMP pode ser levado a cabo no mesmo bairro, com frutos porventura positivos para a população da zona, no edifício da escola de baixo (com 5 salas vagas), não sendo de todo incompatível (bem pelo contrário...) a coexistência de dois pólos dinamizadores distintos na mesma zona até agora esquecida pelos poderes públicos.

A todos os que não se limitam a etiquetar as pessoas que constituem o nosso grupo de intervenção de bandalhos inconsequentes e aos que encaram a hipótese de um diálogo construtivo e de uma negociação frutífera conducente ao nosso retorno à Escola da Fontinha, queremos fazer notar que:

1) É estranha a atitude que consiste em rejeitar e denegrir a livre iniciativa de cidadãos que, num tempo de crise, através de um gesto solidário e generoso, se propõem limpar, manter e dar utilidade a um edifício público fechado há anos, no contexto de um bairro onde não tem havido investimento público nos sectores da cultura, da animação e da formação.

2) Tendo em conta o elevadíssimo número de espaços devolutos na cidade do Porto, mormente no seu centro, é incompreensível que a ocupação de um desses espaços, para fins culturais, sob forma de acções dirigidas à população local, se confronte com uma reacção tão violenta.

3) Considerando que a desertificação é um tema que, nos últimos anos, tem vindo a preocupar crescentemente os autarcas, não se entende por que motivo a instalação de um pólo de animação num bairro da baixa, (cuja actividade permanente valoriza a zona onde se insere) não foi recebida com regozijo e mesmo encorajada pelos poderes locais.

4) Sendo este tipo de experiência de ocupação e reconversão de edifícios públicos uma prática assaz corrente no espaço comunitário europeu, não se entende que possa provocar reacções de pasmo, escândalo e repressão.

5) Sendo a «subsídio-dependência» alvo de constantes críticas por parte dos nossos governantes, e muito particularmente por parte do executivo da CMP, parece absurdo que o poder local rejeite e reprima um projecto cultural que nem reclama apoios financeiros públicos ao tempo da sua implementação, nem programa o seu desenvolvimento em função da atribuição de subsídios futuros.

6) Escusado será dizer que um pólo de actividade cultural permanente atrai mais pessoas ao bairro da Fontinha e que esse acréscimo de frequência, a diferentes horas, se traduz por um acréscimo de segurança e de qualidade de vida local.

7) O grupo que empreendeu convictamente o projecto (agora destituído de localização em razão do despejo) está totalmente disponível para uma conversa com a Câmara Municipal do Porto, a fim de prestar ao executivo camarário todos os esclarecimentos necessários. Igual disponibilidade existe para um encontro com os responsáveis do «novo projecto» em virtude de cuja concretização alegadamente se procedeu ao fecho e emparedamento da escola da Fontinha, no momento em que ali estava a decorrer um calendário de actividades culturais, recreativas e formativas bem recheado.

e vieram mais de 300...


Mais de 300 pessoas manifestaram-se ontem, 16 de maio, contra o despejo da Es.Col.A, projecto que conseguiu renovar um espaço devoluto, abandonado aos destinos de ratos e especuladores, enchê-lo de pessoas de todas as idades e disponibilizar actividades gratuitas. Sem subsídios, sem assalariados, apenas com boa vontade, cooperação e solidariedade.

Nas traseiras da câmara municipal foi construído um muro onde se questionou "Antes emparedado que ocupado?". Houve música, cicloficina, palhaços, oficinas de pintura e desenho e palavras de incentivo ao projecto autogerido da Es.Col.A.

Quatro delegados, incluindo moradores, entraram na assembleia municipal para mostrar o descontentamento com o despejo do Es.Col.A.

Os gritos e os bombos continuaram até às 22h, mas a multidão não arredou pé até à saída dos delegados à assembleia, já passava da 1h00.

domingo, 15 de maio de 2011

a ES.COL.A vai à assembleia municipal do Porto


Amanhã à noite, 2ª feira, 16 de Maio, é dia de Assembleia Municipal do Porto. Na ala do público tomarão assento representantes da ES.COL.A e moradores da Fontinha, com o propósito de defender a manutenção do ESpaço COLectivo Autogestionado no Alto da Fontinha.

No exterior, nas traseiras do edifício da câmara municipal, estarão todos os outros que apoiam o projecto. Os Ritmos de Resistência soarão no bairro da Fontinha pouco depois das 19h30, para acompanhar os moradores Bonjardim abaixo. A cicloficina, o hacklaviva e o atelier de desenho (actividades da Es.Col.A) já confirmaram presença na Praça da Trindade. Talvez apareçam os palhaços que há duas semanas proporcionaram uma oficina de clowns. O xadrez, que não chegou a ter essa oportunidade, leva o tabuleiro e as peças e gente disponível para o ensinar a jogar.

Traz outros jogos, ideias para a Es.Col.A que não tiveram tempo de ser apresentadas, música, cartazes... o que achares por bem. E traz humor, não vá os palhaços não aparecem. Ah: e traz outro amigo também!

a Es.Col.A em BD #2


























Por José Smith Vargas, publicado aqui

merenda e convívio na fontinha


Eram 18h30 de sexta feira, 13 de maio, quando o largo da Fontinha começou a ser limpo. Mesa montada, foram-se avolumando as merendas que cada um trazia - não faltou comida nem bebida naquele jantar.

Começou a escurecer e aproveitou-se a média luz para reviver o mês que estivémos na Es.Col.A. Desde as primeiras fotografias - do momento da ocupação - até às entrevistas do dia do despejo que passaram nos meios de comunicação, rimos, comentámos e relembrámos.

Desligado o projector, as vozes afinaram-se ao som da guitarra para cantar fado e outras músicas populares e de intervenção. A noite terminou com um duo fado-punk, em que a guitarra e as vozes de algumas vizinhas compartiram o centro do largo.



princípios e funcionamento


Criar um espaço autónomo, autogestionado, livre, não discriminatório, não comercial e aberto a diferentes actividades foram premissas que orientaram o projecto Es.Col.A. Daí chamar-se Espaço Colectivo Autogestionado do Alto da Fontinha. Nasceu com o bairro e para o bairro, com a comunidade e para a comunidade.

Com o desenrolar do projecto, e no seguimento das assembleias semanais, a Es.Col.A confirmou-se como estrutura horizontal, livre de hierarquias, inclusiva, apartidária, transparente e aberta, quer internamente quer para o exterior, disponibilizando informação, no bairro e na internet, sobre o seu funcionamento e actividades, incluindo resumo das assembleias e fotografias.

Consciente de que reabilitar, reutilizar e reciclar são a melhor forma de enfrentar a sociedade de consumo e de lutar por um mundo mais justo, desde o início que o projecto perseguiu esse caminho, reabilitando e reutilizando um edifício devoluto, num processo de autoconstrução, reciclando materiais, equipamentos e recursos, com águas pluviais a serem reaproveitadas para descarga de sanita e rega de uma horta comunitária que não teve tempo de se desenvolver. Entre os seus princípios constam a não promoção de consumo de produtos de origem animal, com intenção de incentivar o vegetarianismo através de informação, jantares vegetarianos e debates.

Funciona por autogestão, com decisões tomadas por consenso, procurando incluir todas as pessoas interessadas no projecto e não apenas os presentes em assembleia, com o objectivo de cuidar pelo bem-estar de toda a comunidade. Para facilitar o funcionamento, foram criados seis grupos de trabalho: Princípios do projecto, Infraestrutura, Logística, Jardim, Comunicação, Media. Estes grupos dispõem de autonomia para agir especificamente na sua área, seguindo os princípios da Es.Col.A e levando à assembleia assuntos que levantem dúvidas. Na sequência do despejo, os grupos coordenadores das tarefas relacionadas com infraestrutura e jardim ficaram em stand by.

O projecto Es.Col.A é um processo em permanente construção, dinamizado por novas ideias.

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Auto-gestão é uma forma de organização colectiva sem chefias. Todos participam segundo uma estrutura horizontal, em igualdade de condições e responsabilidades, com livre acesso às informações sobre a estrutura em causa. Um grupo autogestionado é constituído por indivíduos associados livremente que se governam a si mesmos.

Consenso tem por base a ideia de que cada um deve ter total controlo sobre a sua vida, rejeitando que essas decisões estejam a cargo de um grupo restricto. As decisões por consenso promovem a participação activa e a criação de comunidades fortes. Constrói-se através do diálogo, assente no respeito mútuo e tendo como princípio a horizontalidade entre os semelhantes. Ajuda os grupos a definirem as suas necessidades, sem excluir as minorias. O objectivo de consenso é atingir uma decisão partilhada por todas as pessoas incluídas no processo.

O consenso é primordial na auto-gestão, ambos são pilares da democracia directa.

a Es.Col.A em BD #1


























Por José Smith Vargas, publicado aqui.

sábado, 14 de maio de 2011

e os discos, pá?


Episódios do despejo

O senhor viu a menina a tirar-lhe fotografias. E pregou-lhe dois socos, enquanto lhe torcia os braços para trás das costas. A máquina? Está na mochila. Vai lá e apaga! Ela foi e apagou. Voltou a guardar a máquina na mochila, bem pertinho dum portátil e de dois discos externos. O senhor era polícia e a menina estava a garantir a protecção dum espaço que o patrão do senhor abandonara. O senhor levou-a para a esquadra e pediu 4 voluntários para retirar todas as coisas de dentro do espaço que tinha invadido.

Retiradas todas as coisas e regressadas todas as pessoas que estavam com a menina e que com ela tinham sido detidas, deu-se por falta da tal máquina e dos seus novos amigos, sabe-se lá que laços se criam no aconchego duma mochila, o portátil e os irmãos discos. Na esquadra para onde tinham ido não tinham nada a ver com o assunto, só tinham emprestado as instalações, uma espécie de solidariedade fraternal entre duas forças policiais que são PSP mas são polícias diferentes, não sei se me entende....

As instalações da Polícia Municipal (PM), a tal que é PSP mas é uma polícia diferente, fazem questionar a necessidade de pedir instalações emprestadas, talvez seja apenas uma vingança da PM sobre a PSP, a que também é PSP mas não é diferente, uma espécie de revoltazinha mórbida por ser considerada menor. O senhor da portaria sabia do assunto da escola da Fontinha porque tinha visto na televisão. O comandante chegou, não deixou ficar o que chamam serviço e saiu. Não fosse a bendita tv e a nossa introdução tinha-lhe parecido surreal. Valha-nos que a vida dum recepcionista da PM lhe permite ter um olho na porta e outro na televisão. Voltem amanhã de manhã, o comandante entra às 9, pelo menos se a filha não fizer anos, e ele logo vê isso convosco, desculpem a forma apressada de os tratar, mas tenho que estar atento, não vá falhar um serviço noticioso.

Estávamos com sorte, uma senhora andava por lá, seria superiora do recepcionista, por alguma razão ela podia cirandar por escadas e corredores e ele, coitado, amarrado à cadeira, quase estrábico, mas não tão superiora como o comandante, claro, que esse até podia entrar às 7, despejar uns gajos, não avisar ninguém e ir para casa, não vá a filha fazer anos de véspera. O recepcionista explica-lhe o que queríamos, ela pergunta-nos o que queremos, não se sabe se por não confiar no seu inferior, se por necessidade de mais informação para poder ter um telefonema completo com o seu superior.

Nos filmes em que entra a polícia ouvem-se as duas vozes cada vez que há uma conversa telefónica. No comando da PM isso não acontece, mas também é a PM, que é PSP, mas é uma polícia diferente. O facto é que, duma conversa a dois, só se ouvia a voz feminina, eles dizem que ficamos com material deles, não sei de nada, entrei há bocado, ainda não recebi o serviço, mas não há acto de apreensão, o que é que queres que lhes diga?, amanhã falas com eles.

O dia seguinte
Nem todos os dias se entra às 7 e, mesmo que se entre, não são horas para se telefonar a ninguém, por muito ocupa que seja, o melhor é esperar pelas 9, é uma hora decente. Estou, olhe sempre ficamos com o computador, um aple, a máquina fotográfica, também de boa marca, e mais umas coisas que nos pareceram demasiado boas para poderem ser deixadas ali à mercê dos amigos dos detidos, neste caso tu com quem falo, achamos melhor levá-las, protegê-las, tirá-las do perigo duma mochila fechada na mão dum amigo para a segurança do comando da PM. Os legítimos proprietários que se desloquem cá e as coisas estão resolvidas.

Deslocaram-se e, com eles, foi mais gente. Gente com quem um outro recepcionista não sentiu uma empatia especial, já chega estar numa polícia que é PSP mas que é uma polícia diferente, ainda por cima como recepcionista, um olho na porta e outro na tv, inferior à senhora que ciranda, vejam lá. E ainda ia agora aturar gajos mal encarados, escuros, sabe-se lá se são assim de nascença ou se aquilo se pega, principalmente gente que vem de onde este vem, que o recepcionista da manhã já sabia o que se tinha passado 24 horas antes, já lhe deviam ter dado o famoso serviço, o que é de louvar quando se sabe que as notícias não se repetem durante tanto tempo.

As meninas, sim, digam lá ao que vieram, ah, sim, já sei do que falam, vou já chamar o comandante. Senhor comandante, venha cá por favor e o comandante veio, não em obediência ao recepcionista, mas seguro de que o seu inferior sabe que ele veio porque lhe apeteceu, coisa que o senhor da recepção demonstrou ao utilizar a expressão por favor. Continuava por lá o gajo mal-encarado, escuro, sabe-se lá se de nascença ou contágio, falava, respondia, reclamava por terem acautelado o material, não apresentava sinais do aconselhável silêncio submisso, prolongando uma falta de respeito que, à falta de argumentos, desencadeou a ameaça de exigir prova de propriedade do dito material acautelado, até não restar outra alternativa senão expulsar o indivíduo.

Lá para fora, disse o comandante, e não utilizou o por favor, não fosse o escurinho tomar o braço quando nem sequer o dedo lhe estava a ser dado. Não chega na soleira da porta, a soleira também é nossa, lá está, é o espaço privado duma entidade pública, lá fora quer dizer lá fora. Num dia leva para a esquadra pessoas que queriam ficar em casa e no dia seguinte expulsa das instalações policiais uma pessoa que tinha saído de casa para ir até lá voluntariamente. A justiça move-se por caminhos tortuosos. Não fosse o outro, também ele senhor, mas com letra maiúscula, escrever direito por linhas tortas e estava o caldo entornado.

Terá sido ele, o da maiúscula, que, como é sabido, partilha com o comandante o apego à protecção do que é frágil e que coloca nessa prateleira o género feminino, quem provocou uma súbita alteração de humor no superior da senhora que ciranda, vejam como abre a porta e permite que as meninas entrem primeiro, reparem como prepara as cadeiras para que se sentem, ouçam com atenção como o tom de voz se adocicou, as palavras parece que contêm mais sílabas, as frases saem quase como se de música de elevador se tratasse. Da intolerância do ponha-se lá fora! à compreensão, à curiosidade, à capacidade de ouvir, tudo num estalar de dedos. Demos o crédito ao senhor da maiúscula, mas poderá ele também estar no próprio comandante, funcionário zeloso que, em poucos minutos, se transfigura de polícia mau para polícia bom, assim dispensando despesas com o ordenado de mais alguém. Um trabalhador exemplar que personaliza o seu serviço e é capaz de, quase simultaneamente, tratar um homem de forma viril e duas mulheres de modo gentil. Merecia a maiúscula e não a poderá adquirir por estar reservada àquele cuja patente nunca se alcança, já o sabemos, e ficamos agora também conscientes de que, não fossem os momentos de aperto deste país, estaria um prémio de produtividade quase a sair do forno.

A polícia não rouba. Existe, aliás, para impedir o roubo ou, não o conseguindo, para prender os assaltantes. Às vezes leva pertences doutras pessoas sem que elas saibam. Mas não rouba. Porque é polícia e a polícia existe para impedir o roubo ou, não o conseguindo, para prender os assaltantes. Leva umas coisas valiosas, para as proteger. É criteriosa e isso é bom numa força policial. Não se deixa levar pela visão duma sala cheia de monitores, discos e outro material típico duma oficina informática. Nada disso. Abre uma mochila, retira de lá um portátil e dois discos externos, percebeu que havia ali um informático cuja ferramenta de trabalho ansiava por protecção, uma máquina fotográfica, consciente de que haveria um fotógrafo, e um caderno, que, sendo este um país de poetas, o mais normal seria haver algum entre os ocupas.

Na devolução, faltava um disco externo. Tão amigos que pensávamos que eram, afinal este traidor abandonou os outros e um abandono é sempre um abandono, mesmo, como é o caso, quando os que deixamos estão protegidos. Talvez a aproximação dentro da mochila não fosse tão desinteressada, quem sabe se não seria um disco assustado numa escola em acção que recuperou a sua autonomia assim que se viu na segurança do comando da PM. Não vá o diabo tecê-las, o melhor é a gente voltar à escola para ver se o disco está lá, isto disse-o o comandante, não necessariamente por estas palavras, que vocês são anarquistas e, se é verdade que construíram um projecto assim, são necessariamente desorganizados o suficiente para deixar um disco abandonado.

O dia a seguir ao dia seguinte
Nas cenas dos próximos capítulos não podíamos senão imaginar o senhor comandante a retirar a solda que colocou no portão e a destruir os muros de betão que ergueu no lugar das portas para ir em busca do disco perdido. Chegamos a pensar que seria isso que andaram a fazer 15 polícias nas imediações da escola na manhã seguinte ao despejo. Mas isto não é uma novela mexicana, com todo o respeito, é um filme português de autor, escola europeia, nada da previsibilidade hollywoodesca. E só no dia a seguir ao dia seguinte, alguém voltou a entrar na escola, quebrando a tal solda, não sabemos se derrubando o muro de betão para entrar no edifício, calculamos que sim, disse-nos o superior que o disco estava lá dentro, não temos porque duvidar. Parece tão lógico um polícia acreditar num ocupa que diz que ainda falta um disco, ao ponto de reabrir um edifício que tinha selado e emparedado 48 horas antes, como um ocupa acreditar num comandante que lhe leva material sem dizer água vai, quando ele diz que, realmente, ainda estava lá dentro, foi só dar umas marteladas, procurar numas centenas de metros quadrados por uma coisa de 30 cms… et voilá!

Foram, entretanto, avisados que ainda falta um cabo, dum lado uma cena que cabe aqui neste buraquinho e, do outro, uma ficha usb para ligar ao computador. Um cabo não é menos do que um disco, ainda por cima cabo e disco são inseparáveis, qual deles a panela, qual deles o testo, não quer o comandante ser processado por discriminação com pena acrescida por separação forçada. Espera-se a todo o momento uma nova reabertura da escola, uma procura exaustiva por um cabo, um reemparedamento capaz, que também é assim que se põe gente a trabalhar e que o país vai para a frente.

Mas, lá está, isto não é uma novela mexicana, com todo o respeito, é um filme português de autor, escola europeia, nada da previsibilidade hollywoodesca. Aguardemos.

...
Um post-scriptum, que seria um ante-scriptum se seguisse a cronologia: um dos senhores que invadiu a EsColA, na manhã de 10 de Maio, viu-se a ser filmado do interior do edifício. Assim que entrou na sala em que estavam a ser captadas as imagens exigiu a máquina e como lá não encontrasse disco algum não perdeu tempo a socar o portador da mesma, coagindo-o a entregar o que ali faltava. A apreensão teve direito a auto e o cartão com a memória da operação segue para o DIAP, informou a autoridade.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

era uma vez uma Es.Col.A


ES.COL.A resiste no largo da fontinha


E depois do despejo, o ritmo não esmorece. Um, dois, três, vamos lá outra vez...




















quarta-feira, 11 de maio de 2011

vieram mais de 100...


10 de Maio, 18h30, Largo da Fontinha

O dia que começara com repressão acabou em democracia. Numa assembleia com mais de 100 pessoas, entre as quais um número emocionante de vizinhos não menos emocionantes nas suas palavras de apoio, começou por se falar do despejo matinal, partilhando experiências de quem o viveu.

Mas a parte mais importante, a que realmente chamara ali tanta gente, era a de decidir o que fazer a seguir. As propostas foram muitas: tentativa de legalização da situação de uma eventual nova ocupação do espaço, a sua reocupação nos mesmos moldes, a participação na Assembleia Municipal da próxima segunda-feira, uma campanha o mais alargada possível de denúncia, uma queixa judicial, a necessidade de angariar apoios de "notáveis", o pedido de cedência doutros espaços para as actividades, uma assembleia extraordinária da Assembleia de Freguesia. Aceitou-se a proposta de, nesse fim de tarde, falar apenas de três dessas ideias: a da participação na Assembleia Municipal do Porto, a da via da queixa judicial (contra o despejo, contra a actuação particular da polícia... está tudo ainda em aberto) e a da reocupação do espaço.

A próxima Assembleia Municipal do Porto realizar-se-á na segunda-feira, dia 16 de Maio, pelas 21h00. Decidiu-se que algumas pessoas deveriam participar na própria Assembleia Municipal e que todas as outras deveriam ter uma presença visível no exterior do município. As pessoas que vão participar na assembleia ficaram de se coordenar nesse sentido e as que vão apoiar a partir de fora marcaram encontro de conversa e trabalho (pintar faixas, decidir palavras de ordem, ver a possibilidade de levar algumas actividades da Es.Col.A para a porta da Câmara, etc.) para a próxima quinta-feira, 12 de Maio, no Largo da Fontinha, a partir das 18h30.

Há uma pessoa a tratar da questão legal relacionada com a eventual queixa que se possa apresentar. Todas as pessoas interessadas trocaram contactos e ficaram de se coordenar.

Dada a vontade geral de que o espaço da Es.Col.A seja reaberto, ficou marcada uma assembleia para discutir esse ponto em particular. Será na terça-feira, 17 de Maio, às 18h30, no Largo da Fontinha.

Mas a assembleia estava longe de acabar, que a democracia tem destes truques que lhe permitem ser real e a vontade das pessoas presentes não era ser vencida pelo medo da força bruta. As actividades da Es.Col.A. não acabariam por causa de um despejo. Apesar de não ser possível garantir que todas as actividades se mantêm (não estavam presentes pessoas que coordenam algumas dessas actividades), ficou a ideia de contactar toda a gente que as desenvolva para saber da sua disponibilidade, ao mesmo tempo que se garantia que algumas se realizariam sem qualquer dúvida.

Entre estas, ficaram o Hacklaviva - 5ª-feira, 12 de Maio, 18h00; o Jantar da Fontinha, transformado em merenda autogestionada (naquela do traz comida se quiseres comer) – 6ª-feira 13, às 19h30; e actividades ao ar livre - 2ª-feira, dia 6, às 18h30.

Assim, as próximas datas são:
- 12 de Maio, 5ª-feira, largo da Fontinha: 18h00 - hacklaviva; 18h30 - reunião para preparar participação na Assembleia Municipal
- 13 de Maio, 6ª-feira, 19h30 - merenda autogestionada no largo da Fontinha.
- 16 de Maio, 2ª-feira, 18h30 - actividades ao ar livre no largo da Fontinha.
- 16 de Maio, 2ª-feira, 21h30 - participação na Assembleia Municipal (dentro e fora). Na Câmara Municipal do Porto.
- 17 de Maio, 3ª-feira, 18h30 - Assembleia da Fontinha sobre a questão da reocupação. No largo da Fontinha.

A Câmara do Porto mandou fechar e emparedar a ES.COL.A

terça-feira, 10 de maio de 2011

ES.COL.A despejada - logo assembleia


Noticias sobre o despejo da Es.Col.A:

...e a ordem de despejo chegou sem diálogo


A Câmara Municipal do Porto encerrou a ES.COL.A. Exactamente um mês após a ocupação deste espaço público desprezado. O edifício já foi emparedado.

Os agentes policiais apareceram pelas 07h30 e, sem qualquer disponibilidade para o diálogo, ordenaram saída imediata aos ocupantes da ES.COL.A. Encontravam-se lá dentro oito pessoas, que resistiram à ordem de despejo de forma pacífica, numa atitude de desobediência civil não violenta. Algumas conseguiram subir para o telhado, para atrasar a concretização do despejo e para permitir a mediatização da operação, que acabou por demorar cerca de duas horas.

Eram 9h30 e os oito ocupantes seguiam na carrinha policial, rumo ao Comando Metropolitano do Porto. Dois foram agredidos pelos agentes durante a operação de despejo, um dos quais foi assistido no Hospital de S. João.

Os detidos foram libertados ao fim da manhã. A polícia apreendeu um cartão de memória com imagens da operação, que, segundo informações, seguirá para o DIAP.

Das mochilas que estavam na ES.COL.A, pertença dos detidos, desapareceram dois discos externos, uma máquina fotográfica e um computador portátil.