A assembleia ainda nem tinha começado e já se respirava uma certa inquietação. Era já a 4ª assembleia acerca da temática e, mesmo não havendo tempo limite ou pressa no processo de censenso, o impasse nas decisões, em matéria formal e teórica, estava a inviabilizar a prática. Numa roda com cerca de 20 pessoas, fez-se um breve resumo do que já tinha sido decidido noutras assembleias sobre alguns pontos mais sensíveis, como, por exemplo, que se poderia aceitar ajudas financeiras nos workshops, concertos e afins, desde que a premissa de Acesso Livre ficasse bem definida. É assim deixado em aberto a “passagem do chapéu” no final, ou outras formas de apelo a uma contribuição, desde que não ponha em causa o carácter livre de todos os projectos, acções, concertos, festas, karaokes, e tudo mais que alguém se lembrar que pode acontecer na Es.Col.A.
A assembleia assumiu que talvez funcionasse melhor começar a conversa em termos de uma proposta concreta de como formalizar/tornar escrito estes princípios da Es.Col.A. Assim, depois de alguns pensamentos relativos ao que é ou não livre, gratuito e a diferença ideológica entre estas duas palavras, a assembleia conseguiu encontrar uma frase em que todos se reviam e que poderia expressar a forma como as actividades acontecem no espaço Es.Col.A – Acesso e utlização livre do espaço e das actividades. Assim, está preservado o sentido de autonomia e auto-suficiência. Depressa a assembleia saiu da esfera prática e voltou a pensar-se teoricamente em questões como “o que é comercial”, a diferença entre comercial e auto-subsistência e a própria capacidade de autonomia da Es.Col.A em termos da economia vigente.
A noite já tinha caído e o frio começava a chegar quando falamos directamente em situações concretas que já tinham sido apresentadas noutras assembleias, como o caso do grupo de Hip Hop, do Pão Rebelde e oficinas/actividades com donativos. Destes, apenas o Pão Rebelde teve uma resposta afirmativa para a construção do forno, sendo os outros adiados. Ao pensar estes projectos em concreto, a assembleia reiterou que não pode nem quer controlar o que as pessoas fazem com as aptidões/ferramentas adquiridas na Es.Col.A ou mesmo se a estrutura é usada ou não para uma actividade que envolve ganhar dinheiro. A Es.Col.A nega-se a esse papel pidesco de controlo sobre a vida das pessoas, quer dentro quer fora deste espaço. Para facilitar a tomada de decisão, pensou-se o que anteriormente se defendeu, como encontrar uma forma de o escrever como princípio? Houve consenso na proposta de que As actividades devem enquadrar-se e promover o espírito da Es.Col.A.
Foi uma assembleia sensível e a temática não está encerrada, nem de perto. Era já noite quando os enregelados resistentes se afastaram, ainda a rir com a proposta provocatória de usar uma sala para um atelier de arquitectura na Es.Col.A onde, quem sabe, até se pode desenhar um grande centro comercial…
terça-feira, 1 de novembro de 2011
o que é um projecto não comercial, parte 4
Resumo da assembleia temática de 18 de Outubro
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