terça-feira, 15 de novembro de 2011

resumo da 27ª assembleia


3ª feira, 8 de Novembro

Estávamos cerca de 30 pessoas reunidas, no passado dia 8 de Novembro, para a 27ª Assembleia do Es.Col.A. A ordem de trabalhos propunha que se abordasse temas de fundo, a par das costumeiras questões práticas de funcionamento, a saber:

1. Objectivos do Es.Col.A
2. Assembleia
- Função. A questão dos símbolos como estudo de caso
- Funcionamento
3. Problemas
- Vandalização de instrumentos musicais
- Desmazelo do espaço
4. Balanço da semana e novas propostas de actividades
5. Reportagem da SIC sobre movimentos sociais

Sendo os temas de abertura da assembleia de especial cariz de desenvolvimento, decidiu-se atribuir a cada um deles um tempo limite de discussão, de forma a tornar mais célere a chegada a conclusões. Aos objectivos do Es.Col.A dedicou-se 15 minutos e à assembleia atribuiu-se 45 minutos.

A discussão acerca dos objectivos do Es.Col.A iniciou-se com uma afirmação de que a partilha de opiniões sobre o tema ajudará à resolução de problemas do quotidiano, clarificando os limites de acção de cada um neste espaço de todos.

Passou-se então à recolha do que se considera serem os objectivos do Es.Col.A, a saber:

- devolução do espaço antes abandonado a um uso focado no bairro e nos participantes no projecto
- auto-gestão
- objectivo político de libertação de espaços
- intervenção na educação da comunidade como forma de mostrar alternativas à sociedade
- abertura ao bairro
- funcionamento como exemplo passível de ser replicado noutros locais
- oferta de um modelo de educação não autoritário através de um espaço colectivo não hierárquico e comunitário

Para além do elencar destes objectivos, afirmou-se a necessidade de definir se o projecto Es.Col.A existe com a comunidade ou para a comunidade, o que arrasta consigo questões de autonomia e gestão do projecto por parte da comunidade, bem como a possível necessidade de trazer mais habitantes do bairro às assembleias (embora esta necessidade não signifique que estes não se encontram presentes nas actividades do projecto).

Os objectivos reunidos servirão para pensar estratégias para o futuro, tendo-se decidido que estes devem ser reformulados num novo texto que, depois de aprovado em assembleia, será publicado no blog (tarefa da próxima assembleia temática).

Esgotado o tempo atribuído ao primeiro ponto, a atenção dos presentes focou-se nas funções e funcionamento da assembleia. A discussão iniciou-se com uma clarificação de quais as condições para o consenso, ficando, no entanto, claro que a ausência de uma destas características não significa a impossibilidade do consenso, mas apenas que este será de mais difícil obtenção.

Então as condições para se chegar a um consenso são:

- objectivo comum (diferentes agendas dificultam o consenso)
- dedicação e vontade para atingir o consenso
- confiança e transparência entre as pessoas
- tempo (decisões tomadas entre várias pessoas necessitam de tempo para que possuam qualidade)
- processo claro (papéis bem definidos)
- participação activa de todos os envolvidos
- facilitação de qualidade

Uma vez clarificadas estas condições, verificou-se que o consenso não se limita a existir apenas em momentos assembleários, mas também no funcionamento diário do Es.Col.A.

Relativamente ao caso de estudo, iniciou-se uma discussão entre a necessidade de levar à assembleia qualquer intenção de pintura envolvendo símbolos e a espontaneidade e tomada de iniciativa directa.
As opiniões foram múltiplas e variadas e deram azo a uma ampla discussão, cujos principais argumentos foram:
- as assembleias podem tornar-se meramente organizativas, com risco de se tornarem um órgão de decisão restrito
- a pintura ou reprodução de símbolos representativos de ideais políticos não subscritos por todos os envolvidos no projecto exige aprovação por parte da assembleia
- com regras básicas, a assembleia deve cingir-se a um mínimo de intervenção, aceitando a autonomia individual na participação/acção no Es.Col.A
- a existência de símbolos pode impedir a prossecução dos objectivos do Es.Col.A
- no entanto, os princípios do espaço podem e devem publicitar alternativas, desde que exista educação contínua que explique os seus significados
- o projecto construiu-se com base em determinados alicerces e princípios e com uma assembleia que não retira espontaneidade aos seus intervenientes, o que, no entanto, não invalida a responsabilidade de todos de seguir os seus princípios
- a assembleia serve para discutir soluções para uma iniciativa já levada a cabo que não recebeu aceitação consensual
- para além disso, serve igualmente para partilhar e gerir ideias e iniciativas
- muitas pessoas partilham desta opinião, mas subsistem igualmente opiniões divergentes que reiteram o possível afastamento de interessados e comunidade
- a espontaneidade não é ilimitada e a assembleia não deve apenas lidar com problemas depois de estes acontecerem
- o objectivo de auto-gestão afirma que a assembleia deve ser um fórum privilegiado de discussão para resolução de problemas (numa situação ideal, deixaria de existir necessidade para uma assembleia)
- a assembleia deve servir para auxiliar na gestão do espaço comum (grandes objectivos e princípios)
- a ideia de um espaço comum leva a um ideal de inclusão, ou seja, dar espaço à espontaneidade sem dar azo a uma organização quase proprietária; devemos ter cuidado em não impor a nossa opinião, pois esta, embora possa ser aceite por muitos, deixa outros de fora, levando a atitudes que podem ser impositivas
- ser inclusivo é bom para uns, mas afasta outros
- a assembleia deve ser motivadora de acções mobilizadoras, por exemplo, na organização e promoção de eventos
- pensando que a assembleia deve ter controlo, chega-se à necessidade de definição de quais as iniciativas que devem ir à aprovação da assembleia
- quem aparece nas assembleias nem sempre é quem trabalha e participa no dia-a-dia, o que pode levar a que o plano teórico seja castrador do plano prático (nova insistência na existência de espaço para a espontaneidade)
- a característica inclusiva pode levar a uma apatia, fazendo com que o espaço fique vazio
- ao existir diversidade num mesmo espaço está a ser-se inclusivo, pois não se retiram elementos ao todo, salvaguardando a liberdade de todos

Embora sem consenso, a grande maioria das opiniões manifestadas apontam no sentido da aprovação da liberdade de iniciativa e da espontaneidade das acções levadas a cabo dentro do Es.Col.A.

Chegado o terceiro ponto da ordem de trabalhos, tentou perceber-se os pormenores da alegada vandalização de instrumentos musicais. Apurou-se então que os instrumentos foram deixados numa sala, entretanto mudados de local e, depois, encontrados vandalizados, o que levou à conclusão de que estes não devem ser deixados em locais de fácil acesso, mas sim guardados num armário como convém a objectos delicados.

A discussão derivou entretanto para a utilização dos espaços, que é mais ampla do que as funções estabelecidas para cada um destes. As salas disponíveis devem ser versáteis e, a título de exemplo, afirmou-se que, enquanto o ginásio não existe de facto, a sala deve poder ser utilizada para outras actividades.

Relativamente aos instrumentos musicais, a assembleia deixou um voto de reprovação pelo ocorrido, chamando atenção para a sensibilização quanto à propriedade comum e à responsabilidade de todos que, em qualquer momento, presenciem um acto de vandalismo ou outro tipo de confusão.

Foi ainda referido que no sábado 29 de Outubro, dia em que se realizou O Canto de Intervenção, se verificou o desaparecimento de um porta-moedas do interior de uma carteira, ficando o aviso para que, enquanto não existir confiança entre todos os indivíduos que povoam o Es.Col.A, as pessoas devem manter os objectos pessoais junto a si.

Quanto ao desmazelo do espaço, foi anunciada a limpeza profunda realizada no Es.Col.A durante essa semana, sendo que foi deixada uma especial chamada de atenção para a utilização dos cinzeiros disponíveis no espaço.

No que diz respeito ao balanço das actividades realizadas desde a última assembleia, referiu-se que as assembleias de crianças decorrem com animação e, nelas, se decidiu que iam pintar a sala dos brinquedos e dividi-la em áreas temáticas; o hackmeeting correu muito bem e foi participado por pessoas novas, sendo apenas de registar um pouco de falta de coordenação nas questões da arrumação e alimentação; também as actividades de escalada têm sido muito participadas.

Em relação à queixa de barulho por parte de um vizinho não existem desenvolvimentos, pois a pessoa em causa não respondeu aos emails enviados. Igualmente relativo ao relacionamento com a vizinhança, chamou-se a atenção para a persistência de estragos no telhado de uma casa em frente ao Es.Col.A, provocados por crianças que vão buscar as bolas arremessadas além muro, problema para o qual se apontou como soluções a elevação da rede sobre o muro do pátio e a afixação de cartazes a apelar ao bom senso e cuidado na utilização do pátio.

As propostas de novas actividades foram bastante abundantes:
- catalogação do acervo da biblioteca através de software livre (a interligar com o projecto já em curso com o Musas e o Terra Viva)
- oficina e espectáculo de clown a partir de 20 de Dezembro (com necessidade de material de iluminação)
- disponibilização para colaborar de uma pessoa da área do teatro
- mural sobre educação pública e gratuita em apoio à situação no Chile, em que a educação se encontra em risco, a pintar por crianças
- dia temático acerca dos vários tipos de educação alternativa, em especial a educação libertária
- horta pedagógica em conjunto com o Musas, a ter lugar aos sábados entre as 14h e as 16h
- laboratório de fotografia às sextas-feiras (no entanto, o material é deixado à disposição nos restantes dias)
- oficina de introdução à língua gestual (comunicação gestual e dinâmicas gestuais em grupo)
- workshop de serigrafia a 10 de Dezembro

Como conclusão deste tema, decidiu-se ainda a construção de um novo eco-ponto e celebrou-se a oferta de uma máquina de lavar ao Es.Col.A.

No que diz respeito ao quinto e último ponto da ordem de trabalhos, relativo a um pedido de reportagem sobre movimentos sociais por parte da Sic, a assembleia decidiu manter a sua anterior decisão de não recolha de imagens no interior do Es.Col.A, sendo que todos os indivíduos são livres de falar com a repórter, devendo, apenas, dar conhecimento dessa decisão à assembleia.

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