quinta feira, 23 de Fevereiro 21h00 (jantar seguido de filme)
Water - Deepa Mehta, 2005 (117")
(hindi e inglês, legendado em português)
"“Water”, de Deepa Mehta, é passado na Índia governada pelos britânicos, em 1938, e tem como pano de fundo a ascensão de Mahatma Gandhi e do movimento anti-colonial. Este filme é a terceira parte da Trilogia dos Elementos de Deepa Mehta – os anteriores “Fogo” (1996), sobre a intolerância sexual e “Terra” (1998) sobre o sectarismo religioso. A história começa quando, na Índia dos anos 30, Chuyia, de oito anos de idade, não é apenas uma criança casada; é já viúva. Nunca conheceu o seu marido, de 50 anos. De acordo com a tradição, Chuyia é enviada para um asilo, uma casa que acolhe viúvas. As viúvas tinham três opções segundo o costume hindú: casar-se com o irmão mais novo do marido; atirar-se junto ao corpo do marido a ser cremado no funeral, morrendo com ele ou levar uma vida de abnegação.
“Water” contém uma forte denúncia das condições a que as viúvas são expostas, sendo obrigadas, na maioria, a uma vida de recolhimento em lares. Nestes locais que as segregam, são impedidas de disfrutar do contacto com qualquer tipo de prazer, usando sempre o mesmo traje e mantendo uma postura discreta. Ainda que estejam proibidas de voltar a casar, muitas acabam por ser obrigadas a dedicar-se à prostituição, uma das poucas formas de conseguir sustentar os asilos.
No filme, o balanço é perfeito entre uma realização natural e a pureza dos personagens. É permanente o festival de cor, de emoções e de sensações e nós somos cúmplices de tudo. Mas no meio de tanta beleza a realizadora inflige o derradeiro golpe no espectador, e confirma a realidade: a tradição é forte e não é um ímpeto amoroso que vai alterar o rumo dos acontecimentos. Uma acção, por mais nobre que seja, não quebra as mentiras e a corrupção que se escondem por detrás da suposta tradição.
Nos créditos finais, ficamos a saber que após 60 anos dos acontecimentos relatados, segundo os últimos sensos, milhões de viúvas continuam a viver nestas condições arcaicas de privação social, cultural e económica dentro e fora de asilos. As questões colocadas em “Water” confundem-se com as mesmas barreiras tradicionais que impedem o cinema desta realizadora ser divulgado na Índia."
Water - Deepa Mehta, 2005 (117")
(hindi e inglês, legendado em português)
"“Water”, de Deepa Mehta, é passado na Índia governada pelos britânicos, em 1938, e tem como pano de fundo a ascensão de Mahatma Gandhi e do movimento anti-colonial. Este filme é a terceira parte da Trilogia dos Elementos de Deepa Mehta – os anteriores “Fogo” (1996), sobre a intolerância sexual e “Terra” (1998) sobre o sectarismo religioso. A história começa quando, na Índia dos anos 30, Chuyia, de oito anos de idade, não é apenas uma criança casada; é já viúva. Nunca conheceu o seu marido, de 50 anos. De acordo com a tradição, Chuyia é enviada para um asilo, uma casa que acolhe viúvas. As viúvas tinham três opções segundo o costume hindú: casar-se com o irmão mais novo do marido; atirar-se junto ao corpo do marido a ser cremado no funeral, morrendo com ele ou levar uma vida de abnegação.
“Water” contém uma forte denúncia das condições a que as viúvas são expostas, sendo obrigadas, na maioria, a uma vida de recolhimento em lares. Nestes locais que as segregam, são impedidas de disfrutar do contacto com qualquer tipo de prazer, usando sempre o mesmo traje e mantendo uma postura discreta. Ainda que estejam proibidas de voltar a casar, muitas acabam por ser obrigadas a dedicar-se à prostituição, uma das poucas formas de conseguir sustentar os asilos.
No filme, o balanço é perfeito entre uma realização natural e a pureza dos personagens. É permanente o festival de cor, de emoções e de sensações e nós somos cúmplices de tudo. Mas no meio de tanta beleza a realizadora inflige o derradeiro golpe no espectador, e confirma a realidade: a tradição é forte e não é um ímpeto amoroso que vai alterar o rumo dos acontecimentos. Uma acção, por mais nobre que seja, não quebra as mentiras e a corrupção que se escondem por detrás da suposta tradição.
Nos créditos finais, ficamos a saber que após 60 anos dos acontecimentos relatados, segundo os últimos sensos, milhões de viúvas continuam a viver nestas condições arcaicas de privação social, cultural e económica dentro e fora de asilos. As questões colocadas em “Water” confundem-se com as mesmas barreiras tradicionais que impedem o cinema desta realizadora ser divulgado na Índia."
Estão todos convidados a virem assistir ao filme, confraternizar e provar alguns dos sabores da Índia, amanhã às 21 horas.
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