quarta-feira, 8 de junho de 2011

um nim com expectativas de sim


Reunião com vereadora

A vereadora Guilhermina Rego mostrou-se receptível ao projecto Es.Col.A, reconhecendo-lhe “pertinência”, e, se bem que não tenha dito sim, não disse não à cedência das instalações da ex-escola primária do Alto da Fontinha. A decisão depende do futuro do projecto que a câmara municipal está a estudar para o edifício: se não se concretizar, há hipótese de a Es.Col.A regressar à escola, se o projecto da autarquia avançar, será sinalizado um espaço alternativo. Foi esta a resposta que a delegação da Es.Col.A trouxe da reunião com a vereadora do Conhecimento e Coesão Social, na tarde de segunda-feira, 6 de Junho.

“Há um projecto em curso que está a ser concebido para aquele edifício. Vou procurar saber, quanto antes, se avança ou não. Este impasse não pode continuar. Não está nas minhas mãos, já alertei as partes”, disse a autarca. Se não avançar, “vamos analisar este projecto [Es.Col.A] e procurar que lá seja implantado”. Entretanto, e antes mesmo de saber se o projecto avança, dará indicações ao departamento do Património para encontrar um espaço que possa acolher a Es.Col.A, O que só fará sentido se se localizar no Alto da Fontinha, conforme deixou claro a delegação que se deslocou à sede do município, insistindo na necessidade de uma resposta urgente, dada as precárias condições em que o projecto desenvolve, presentemente, as suas actividades. E foi nesse importante pormenor que o tempo é o único em que Guilhermina usou a palavra “prometo”, anotando um número de telemóvel de contacto da Es.Col.A.

Perante o pedido de desemparedamento imediato do edifício, seguido de licença provisória de utilização, independentemente da decisão futura da câmara, ou seja, nem que a cedência fosse por meses, o que é vantajoso quer para a população quer para o próprio edifício, a vereadora também não disse não, mas também não disse sim, escusando-se que a matéria não é da sua alçada. No entanto, tomou nota e disse que transmitiria o pedido ao Património Jurídico.

Foi depois de ouvir falar do projecto Es.Col.A durante cerca de meia hora que Guilhermina Rego se referiu à sua “pertinência”, afirmando gostar de saber que “a ética é uma das atitudes a fazer prevalecer na comunidade”.

A reunião teve início eram quase 18h30 e durou cerca de hora e meia. Decorreu numa sala do 4º andar da câmara municipal, à volta de uma mesa oval, com as medidas certas para 11 pessoas: três da autarquia, oito da Es.Col.A, uma delegação sem poder decisório conforme inicialmente comunicado à vereadora. Daí, o pedido que lhe foi então dirigido para acolher os elementos da Es.Col.A que se encontravam no exterior, de modo a participarem no encontro. Por falta de espaço disponível de momento no edifício e como se trataria de um conversa, em que também da parte da câmara municipal não seriam tomadas decisões, Guilhermina Rego declinou o pedido, bem como o convite para se deslocar ao exterior, para reunir com o pessoal.

A apresentação do projecto, história e princípios, esteve a cargo de dois elementos da Es.Col.A. As actividades do projecto foram expostas por uma terceira pessoa, que, enquanto moradora, leu um depoimento de uma vizinha, contou que as crianças do bairro que assistiram à operação de despejo ficaram traumatizadas com o episódio e que a maior parte das pessoas não conhecia o consenso, processo de decisão que inclui todos, com o qual “estamos superentusiasmados”.

A senhora mais idosa da delegação, residente no bairro, apresentou a sua situação como exemplo de muitos vizinhos com mais de 80 anos, cujos ossos debilitados não permitem enfrentar a topografia da Fontinha, levando-os a passar os dias em casa, sozinhos, sem um local próximo onde conviverem: “Gosto muito de crianças e ali podia ajudar a cuidar delas”. Outro morador representou os jovens, para os quais também não há qualquer infraestrutura de apoio: “Não temos nada na Fontinha, juntamo-nos no largo. Desde que este pessoal foi para lá, isto mudou”

Um outro elemento falou em nome dos moradores do bairro em geral, das suas características e carências, do isolamento e solidão a que foram votados. “As pessoas querem-nos lá. É importante que continue naquele sítio. A Es.Col.A tem um papel aglutinador das ruas”. Quase a terminar, foi abordada a questão da recuperação do edifício, da necessidade urgente do seu desemparedamento. E quem o fez comunicou a proposta de contrato de comodato a apresentar à autarquia. O oitavo elemento assumiu funções de assessoria.

A vereadora ouviu todos, fez algumas perguntas, tomou apontamentos. Só ao fim de uma hora houve pressão para terminar o encontro, sob o pretexto de ter gente à espera para uma outra reunião. A despedida foi feita com certezas que de um lado ou do outro muito brevemente entraríamos em contacto. A vereadora disse que leria com atenção os documentos deixados: um dossier sobre a Es.Col.A, um outro sobre as actividades (ambos brevemente disponíveis online) e uma minuta do contrato de comodato pretendido.

Guilhermina Rego fazia-se acompanhar do seu adjunto Manuel Monteiro e de Rui Nunes, administrador da Fundação Ciência e Desenvolvimento. A reunião aconteceu na sequência do convite da Es.Col.A à vereadora do Conhecimento e Coesão Social para participar, no Largo da Fontinha, na assembleia da próxima segunda-feira, 13 de Junho. Alegando impossibilidades de agenda, Guilhermina Rego devolveu o convite para uma reunião no dia 6 do 6 às 6 da tarde. O que, três dias antes, foi aceite em assembleia, sobre a qual não chegou a ser publicado nenhum resumo mas cujas decisões estão aqui implícitas, bem como no apelo à assembleia complementar que, no exterior, apoiou a delegação que se deslocou à câmara municipal.

O encontro com a vereadora, no qual foi reiterado o convite para participar numa assembleia da Es.Col.A, não invalida de todo a assembleia de 13 de Junho. Todos os autarcas da cidade continuam convidados a aparecer, de acordo com a Carta Aberta datada de 25 de Maio.

2 comentários:

daniela disse...

Uma das coisas que me fez "despertar" para o projecto Es.Col.A foi esta forma de informar, sucinta (sem prescindir de pormenores) e transparente. Quantas estruturas organizadas ditas "oficiais" se darão a este "trabalho" - que deveria ser dado como norma e não como excepcional?

em relação ao que foi mais ou menos acordado, as minhas reservas são pessoais, precisamente porque as decisões estão reféns de um organismo sinuoso e as mais das vezes kafkiano - afinal qual é a competência da vereadora em questão? É servir de intermediária com outros departamentos?

Mas agora é não desistir de pressionar e esperemos que haja de facto boas intenções (e algum poder, já agora) da parte da autarca.

Duarte disse...

Não posso deixar de mostrar a minha sincera admiração pelo que tem feito, não conheço as pessoas envolvidas nem sequer o vosso bairro, eu nem tão pouco vivo em Portugal. Fiquei a conhecer o vosso caso com a mediatização das apreensões e do fecho do recinto, que me levou a acompanhar o vosso caso!!! Quase que diria que é um milagre mas como sei que os milagres não existem, desejo-vos muita força, oxalá possam surgir por outros bairros forças semelhantes... é a única saída...