terça-feira, 28 de junho de 2011

Es.Col.A voltou à assembleia municipal


Das sete pessoas que, após a ordem de trabalhos, usaram a palavra na última assembleia municipal do Porto, quem falou em nome da Es.Col.A foi a única acintosamente interrompida pelo presidente da mesa. Pela expressão facial, tom de voz e ironia, Valente de Oliveira não teve qualquer pejo em demonstrar o seu desagrado quanto ao assunto. Soava a meia-noite, era tempo de ir dormir, que chatice esta coisa de termos que fingir que vivemos numa democracia e ouvir gente defender ocupações.

A última frase é mera especulação, mas não estará muito longe da verdade. Ana começou por se apresentar e explicar que, por curiosidade, conhecera o projecto do Espaço Colectivo Autogestionado do Alto da Fontinha e, por interesse, acabara por se envolver. “Desde 10 de Maio que foi despejada das instalações da antiga escola primária”, lembrou. Preparava-se para fazer um breve historial do processo, após, em jeito de retórica, perguntar se os presentes conheciam o assunto, e, de imediato, foi secamente interrompida por Valente de Oliveira: “Já tivemos informação abundante aqui”. Ana engoliu em seco e continuou: “A Es.Col.A continua desalojada e o equipamento da câmara continua fechado, já enviamos um pedido de utilização precária...” Valente de Oliveira volta a interrompê-la, reforçando a secura: “Já veio no jornal”. Ana ficou uns segundos calada, como quem pensa se há-de responder à provocação. Acaba por rematar o assunto com um apelo à assembleia municipal para que interceda e seja concedida à Es.Col.A a licença requerida enquanto continuam a avaliar o projecto.

Ana ficou zangada consigo própria por se ter deixado surpreender pelo presidente da mesa da assembleia municipal do Porto. Mas foi Valente de Oliveira quem fez má figura. Ana manteve a dignidade. E a Es.Col.A foi lembrada a quem a quer esquecer, julgando tratar-se de um devaneio passageiro.

Da parte do executivo, nenhuma resposta. Guilhermina Rego, do pelouro do Conhecimento e Coesão Social, a mesma que recebeu uma delegação da Es.Col.A a 6 de Junho, estava presente, entre os oito ou nove vereadores que ficaram para ouvir o povo. Rui Rio não surpreendeu e abandonou a assembleia assim que os assuntos agendados terminaram, e com ele saíram outros oito ou nove vereadores. O presidente da câmara municipal do Porto acabou por não ser interpelado sobre a Es.Col.A pelos deputados da oposição, uma vez que a assembleia de 27 de Junho prossegue a 11 de Julho.

Quem nesse dia quiser insistir no diálogo com a autarquia deverá inscrever-se entre o meio-dia e as cinco da tarde, no Gabinete do Munícipe. E se quiser mesmo ir, deverá fazê-lo o mais cedo possível: só há 28 lugares para cerca de 210 mil portuenses e esta segunda-feira estavam preenchidos ainda não eram 13h30.

Entretanto, deputados da oposição informaram-nos que vão pedir o agendamento desta questão para a próxima reunião ordinária da assembleia municipal, e no Gabinete do Munícipe disseram-nos que um responsável da Divisão Municipal do Património está a analisar o nosso pedido de licença e que nos contactará esta semana. Na última reunião do executivo, Guilhermina Rego disse acreditar ter uma resposta "para breve".

Na próxima segunda-feira, 4 de Julho, às 18h30, há mais uma assembleia da Es.Col.A. Será que vamos ter novidades até lá?

3 comentários:

Anónimo disse...

é a democradura, eleger os que nos devem servir e quando a autarquia não tem dinheiro, tempo ou vontade, condenam gente que por sua iniciativa resolve ajudar a população residente, demonstram arrogância e achincalham. Os deuses não devem estar, estão loucos! E isto não é política é sacanice!
isto não é tratar da urbe é vandalizá-la!

daniela disse...

A Ana esteve bem, sim. E há pessoas com diplomas nas paredes que deviam pôr os pés na escola, para variar - e, já agora, para aprender nem que fossem os bons modos. Pessoas problemáticas não vivem só em bairros, nem são só pobres, também e sobretudo existem dentro de fatos, entrincheirados nas nossas câmaras e governos, viciados no exercício do poder.

o cão de lázaro disse...

... PONTO FINAL NA TOLERANCIA