terça-feira, 24 de abril de 2012

à população da fontinha e restantes amigos



Combatendo o medo e a mentira - download de flyer para distribuição (apenas clicar em download no fundo da página)

Se é morador da Fontinha ou de zonas vizinhas terá com certeza notado que muita coisa mudou no último ano.
Onde antes, a qualquer hora do dia, caminhava por ruas vazias, hoje cruza-se com gente, e a troca de bons dias e boas tardes já se tornou um hábito.
Onde antes via de longe a longe crianças solitárias a fazer o caminho diário de casa para a escola hoje vê grupos de miúdos, animados, divertidos, muitos com as suas bolas e bicicletas, decididos a aproveitar o que resta do seu dia.
Onde antes apenas o ruído dos carros que passavam se fazia ouvir, onde os gritos e insultos que faziam adivinhar mais uma discussão familiar ecoavam para a rua por de trás de janelas anónimas, hoje o que se pode ouvir por estas ruas da Fontinha são sons de bolas de futebol a bater em muros que se confundem com bombos, conversas e risos de adolescentes que interrompem frases ditas em línguas estranhas. São barulhos que fazem adivinhar vida, música e quase sempre boa disposição.
Com certeza durante este ano ouviu e viu muita coisa. Com certeza muitas vezes teve curiosidade e até participou ou quis participar nesta nova vida da Fontinha.

O que é a Es.Col.A. do Alto da Fontinha?
O projeto Es.Col.A. –Espaço Colectivo Autogestionado, é um projeto em que muita gente, alguns daqui, alguns dali, compreende a necessidade que existe na maioria das zonas das grandes cidades de se voltar a desenvolver um estilo de vida comunitário, onde os vizinhos se conhecem, em que as crianças e os jovens têm espaços para estar juntos e onde há oportunidades para o convívio e aprendizagem entre todos e para todos. Assim, um grupo de pessoas em Abril de 2011 decidiu reabrir e reocupar a antiga escola primária da Fontinha para aí realizarem actividades abertas a todos e para tornarem esse espaço naquilo que deveria ser uma sala de estar da zona, onde todos se sentissem bem.
Sabemos e reconhecemos que no último ano nem tudo correu bem, temos noção de alguns transtornos causados à vizinhança, nomeadamente questões relacionadas com o barulho. Mas sabemos também que o barulho é uma consequência de um espaço com vida e todos podem ter a certeza que cada queixa e observação crítica por parte de vizinhos mereceu a nossa atenção e por vezes levou até a consequências no funcionamento do espaço.

O que se passou a 19 de Abril?
A 19 de Abril, poucos minutos antes das 10 da manhã, entrou pelo Largo da Fontinha, indo até à rua da Fábrica Social, um contingente policial nunca visto naquela zona e poucas vezes visto em qualquer outro lado do país. Havia de tudo, polícia municipal, PSP, Corpo de Intervenção, policias à paisana, polícias anti-terroristas, cães, bombeiros vestidos à civil e de cara tapada, funcionários da Câmara, entre outras forças da dita ordem. O objetivo deles era o de esvaziar a Es.Col.A. e terminar, pela força e pelo medo, este projeto. Mas realmente, mais pareciam preparados para uma guerra civil.
No interior do espaço encontravam-se 20 pessoas localizadas no pátio e 6 pessoas dentro do edifício. O objectivo dessas pessoas era o de resistirem pacificamente ao despejo. Mas pouco se pode fazer quando se é confrontado por uma força tão brutal como aquela. Restava-nos apenas mostrar a indignação e injustiça com o que ali se passava. Entretanto, lá em baixo, no bairro, juntavam-se moradores e amigos do projeto, todos indignados, todos preocupados com quem estava dentro da escola e com o que aconteceria ao espaço. Contra esses, a polícia utilizou a força bruta e as agressões foram uma constante, chegando mesmo à utilização de um taser, arma que provoca choques elétricos. Foi aí também que aconteceram as detenções.
Entre momentos de medo e de indignação, os presentes puderam ver como em carrinhas do lixo eram tirados os haveres da Es.Col.A., brinquedos, móveis, livros, bicicletas, eletrodomésticos e até o nosso famoso esqueleto e a bandeira pirata, que de forma divertida mostrava o espirito autónomo do projeto. Tudo isso foi considerado lixo.

A isto juntou-se o desrespeito pelos vizinhos, pelas crianças aterrorizadas na escola primária, impedidas de ter intervalos no pátio, as pessoas sem maneira de ir trabalhar por terem os carros bloqueados, as vizinhas idosas impedidas de chegar às suas casas com as compras matinais.

25 de Abril –Manifestação pacifica de solidariedade e apoio ao projeto Es.Col.A., que pretende devolver o espaço à comunidade.
Não se deixe vencer pelo medo de quem utiliza a força e os números para assustar uma população que não conhece e com quem nunca se preocupou.
Apareça no dia 25 e ajude-nos a tornar essa ocasião numa grande festa entre amigos!

15 comentários:

Anónimo disse...

O meu sincero obrigado pelo vosso exemplo!.... vivo a muitos Km, não poderei estar presente... envio-vos um grande abraço e o meu sincero obrigada!!!!

Anónimo disse...

ide trabalhar comunas

Anónimo disse...

ide trabalhar comunas e deixai o estado fazer o que tem de fazer....

gerir o patrimonio do estado...

se ele nao vos quer la...desaparecam e vao fumar charros para outro lado....

marta disse...

admiro e respeito a vossa vontade de viver e ser solidários... em frente e força, há muito gente convosco!

marta disse...

admiro e respeito a força das vossas convicções e o vosso espírito solidário: em frente e força que há muita gente convosco!

Anónimo disse...

deixai o estado fazer o que nunca se mostrou interessado em fazer. Ou faz o estado ou não faz mais ninguém!

teresa sobreiro disse...

o abandono é a forma do estado gerir o património e as comunidades desfavorecidas, por isso sim, ide, ocupai e multiplicai-vos! Bem hajam!

Anónimo disse...

Aprecio as iniciativas que promovam a revitalização dos centros urbanos e a vida comunitária. Mas daí a ocupar ilegalmente um espaço sem autorização...! Es.col.a ultrapassou o risco.

Angelina Santos disse...

Muitos parabéns pelo trabalho realizado :) ... E claro, pela vossa garra. Excelente projeto, força... :)

Pedro Rocha disse...

O Sr. Anónimo que escreve os dois últimos comentários, sente-se pelos vistos incomodado. Pois é bom que se incomode, porque um dia sai à rua e verá que é dos poucos que acha que está tudo bem. Já em 1974 era assim com os agentes da PIDE!!!

Quanto a charros e comunas, a sua afirmação tem tanto de ignorância como preconceito.

Anónimo disse...

Oh fascista vai t la esconder numa igreja e esperar pela autorização do papa para que possas pensar por ti =)

symbiosis disse...

Ao Anónimo:

Não é Comunismo, é Senso Comum.
Não é Socialismo, é Responsabilidade Social.
Não é Anarquismo, é partilha de poder.
Não é Uma Revolução, é Evolução.
E não és Tu ou Eu, SOMOS NÓS!

E se realmente assim pensas, porque não os deixas gerir também a tua casa?? Da maneira que falas também tu deves ser património do estado...

Anónimo disse...

O pessoal dali não é comuna seu 'badameco'... O pessoal ali são Seres-Humanos Livres e APARTIDÁRIOS (como eu)...
Pelo teu paleio deves ser tu um grande 'fachola'... que gosta de ser escravisado pelo Estado e pelo 'Poder Economico-Financeiro'... AZAR O TEU... que nem bom Pai/Mãe podes ser assim... A deixar o mundo assim para os filhos, onde ja se viu...

Anónimo disse...

Vocês são lendas vivas companheirxs! Força aí pessoal!
Até breve.

Anónimo disse...

Sr.anónimo se se encontra incomodado com a força da juventude a olhar ao meio que o envolve e lutar por uma liberdade conquistada com uma arma onde as balas foram cravos vermelhos só tem mesmo de meter a cabeça entre as pernas e regar suas magoas com muitas garrafas de vinho que sempre vai caindo algum imposto nos cofres do estado que depois se precisar de ajuda eu o mando para a merda.